26 de dezembro de 2007

Práticas que aumentam a presença social

Além dos aspectos que podem influenciar a quantidade de presença social como é o caso da cultura, da personalidade, do estilo de aprendizagem individual, há práticas que permitem o aumento da presença social num curso online, como é a forma de interagir e comunicar com os outros. Em ambientes mediados por computadores é essencial inovar na forma de comunicar, de modo a gerar uma maior ligação entre os participantes. Assim, a presença social pode ser projectada numa discussão assíncrona baseada em texto, através de elementos que promovem a ligação entre as pessoas. Neste âmbito, na tabela - Taxionomia das expressões sociais, é apresentada a taxionomia das expressões sociais propostas por Rourke & Anderson (2000), que permitem um aumento da presença social em cursos online.




De facto, quem usa a CMC habitua-se ou é influenciado e depois reconhece as vantagens, a usar uma “paralinguagem” para expressar afectividade e emoções. São códigos informais que, por vezes, corrompem e a ortografia, como é o caso de: “muuuuuuuuito boooommmmmmm!” ou simplesmente tornam mais visíveis e apelativos determinadas secções de texto (letras grandes, pontuação múltipla, texto sublinhado e com várias cores) como é o caso de: “AH!!!!!! COMPREENDI AGORA…. Acho boa ideia” ou ainda permitem algumas pistas metalinguísticas como: “hmmm…” ou “rsrsrsrsrsrsrsrs” que podem significar respectivamente, que o indivíduo esta pensativo e a sorrir com ironia. Os aspectos das mensagens escritas na CMC, que mais aprecio, são os emoticons, que resultam da combinação de caracteres (ver Figura). Todas estas técnicas tornam a comunicação muito mais amigável, no entanto, o excesso pode produzir o efeito contrário, ao irritar e impacientar quem está a tentar ler a mensagem.

Alguns exemplos de emoticons. A rotação de 90º transforma o ponto e vírgula, o hífen e o parêntesis num sorriso de anuência. Também muitos softwares assumem automaticamente que se trata de um emoticon, o que mostra como esta notação já se popularizou.

Ruberg, Moore & Taylor (1996) in Swan (2006) consideram que a comunicação mediada por computador encoraja a experimentação, a partilha de ideias, aumenta e fomenta uma participação mais equitativa, através da colaboração e partilha de ideias. De facto, para que as discussões online sejam bem sucedidas é necessário que seja criado um ambiente social que encoraje a interacção entre colegas, assim como a estrutura e o suporte proporcionado pelo instrutor.

Segundo Wheeler (2005), os itens seguintes podem ajudar a criar um ambiente com uma maior presença social, o qual permitirá uma maior ligação entre os estudantes e também com os professores:
- Os professores deverão responder o mais rapidamente possível às questões colocadas pelos estudantes. Caso contrários, estes irão sentir-se socialmente isolados e desanimam se têm questões importantes para serem respondidas e o professor parece ignorá-los;
- os estudantes necessitam de um local para se relacionar socialmente, sendo que este meio deve ser criado em qualquer ambiente de aprendizagem controlado. Este espaço não está necessariamente relacionado com a aprendizagem, mas um local informal onde as pessoas tocam ideias e se “mantêm juntas”, um exemplo é o cibercafé;
- os professores devem aperceber-se das diferenças na evolução feitas no estudo efectuado pelos alunos, tentando fornecer todo o suporte necessário de acordo com o desenho do curso, dependendo dos ritmos e profundidade da aprendizagem adquirida por cada alunos, sendo essencial adequar a qualidade e a intensidade do apoio a diferentes tipo de alunos;
- os alunos devem ser fortemente encorajados para participar nas discussões do grupo, de modo a que sigam a conversa e obtenham feedback dos colegas e também do professor;
- a distância psicológica, entre os estudantes e os professores, deve ser diminuída. Esta é provavelmente, a regra mais importante no ensino mediado por computador. Sem uma clara conexão através da presença social, os estudantes perdem a motivação, não se empenham na sua aprendizagem ou, desistem inclusivamente do curso.

Picciano (2002) enumera também alguns itens que permitem aumentar a presença social em cursos online:
- Promover a comunicação nos fóruns de discussão;
- incentivar os alunos apresentarem sínteses das suas leituras, com consequente feedback do professor e também dos colegas;
- incentivar apresentações da matéria pelos vários grupos;
- respostas prontas por e-mail, por parte do professor, às dificuldades específicas dos estudantes;
- uso de um estilo informal na comunicação entre o professor e os alunos, através do uso dos nomes próprios, expressando opiniões pessoais ou utilização de “emoticons”.

Picciano, A.G. (2002). Beyond student perceptions: Issues of interaction, presence, and performance in an online course. Journal of Asynchronous Learning, 6 (1). Acedido em 17.03.2006:
http://www.sloan-c.org/publications/jaln/v6n1/v6n1_picciano.asp.

Rourke , L., & Anderson, T. (2000). Exploring Social Communication in Computer Conferencing. Journal of Interactive Learning Research 13 (3), 259-275.
Acedido em 15.01.2006: http://communitiesofinquiry.com/documents/Rourke_Exploring_Social_Communication.pdf

Swan, K. (2006). Threaded Discussion.
Acedido em 07.04.2006: http://www.oln.org/conferences/ODCE2006/papers/Swan_Threaded_Discussion.pdf

Wheeler, S. (2005). Creating Social Presence in Digital Learning Environments: APresence of Mind?. Featured Paper for the TAFE Conference, Queensland, Australia: 11 November, 2005. Faculty of Education, University of Plymouth, United Kingdom.
Acedido em 13.03. 2006: http://videolinq.tafe.net/learning2005/papers/wheeler.pdf

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